Blognovela - '' Uma Chance Para o Amor''

Capítulo I

Primeiro dia de aula, Marcelo mal acreditou quando o antigo rádio relógio de sua mãe despertou. No fundo ele preferia continuar de férias. Era mais fácil ficar na sua se ficasse em casa.

Enquanto se vestia ia lembrando dos acontecimentos do final do ano anterior. Que vergonha de voltar a escola depois de tudo acontecera. Às vezes sentia uma incrível vontade de ser invisível.

Sentou-se na mesa e observou a mãe enquanto tomava um café amargo. Ela parecia mais velha ultimamente.        Devia ser pelo exagero de trabalho, também não devia ser fácil para ela dar conta de todas as despesas da casa sozinha.

Despediu-se da mãe, pegou os cadernos e saiu em direção à escola. Só conseguia pensar numa coisa: ”tomara que ela não seja da mesma sala que eu”... Não queria vê-la nunca mais era melhor assim. Suas mãos estavam geladas, enfiou-as nos bolsos do casaco, aquele ano realmente começava frio e chuvoso. A escola logo surgiu a sua frente, o prédio velho de portão pichado pelos alunos parecia ainda mais feio depois de tantos dias. Entrou pelo portão e foi direto para o pátio onde os estudantes conversavam em grupinhos. Passou por entre os alunos em busca de um lugar onde não fosse notado.

Dona Margarida surgiu sorridente com as pastas das turmas nas mãos e foi anunciando que seriam duas turmas de cada série. Marcelo se sentiu mais tranqüilo agora era só contar com a sorte para que ela ficasse em outra turma. Ouviu quando Dona Margarida chamou seu nome e indicou a sala 23, abaixou a cabeça e passou discretamente para sua sala.

Havia poucos alunos na sala. Marcelo se dirigiu para o fundo da sala e sentou-se afastado dos demais. Um a um os jovens iam enchendo as carteiras. Inconscientemente ele agradecia a Deus por ela não estar na mesma turma que ele. De repente ouve risos e vozes vindos do corredor. Era ela, não podia ser...

Sorridente ela entrou com as amigas inseparáveis. Como estava linda! A pele clara ganhara um suave bronzeado, os cabelos loiros pareciam ainda maiores e encaracolados, os olhos estavam ainda mais azuis, via-se o céu neles.

Marcelo sentiu o sangue subir-lhe ao rosto, ela estava se aproximando. O coração começou a bater mais forte, havia uma carteira vaga bem a sua frente, ela aproximou-se e sentou. Seus olhares se cruzaram por um instante. Marcelo ficou se perguntando se ela também se sentia constrangida como ele. Porém tranquilamente ela sorriu e balbuciou um “oi”... Ele timidamente responde mais pra dentro que pra fora.

- Oi.

SJBoaventura