De início, a ideia foi animadora. Sylvester Stallone quis juntar um grupo de action heroes dos anos 1980 para fazer um filme de ação meio saudosista, com sabor daquelas fitas lançadas aqui pela América Vídeo. Ou um pouco melhor, digamos assim, já que Stallone e Arnold Schwarzenegger eram os dois grandes do gênero de sua época. Seus filmes levavam multidões aos cinemas.
Na segunda metade da década vieram Bruce Willis e Jean-Claude Van Damme. O primeiro se tornou um pouco mais respeitado que o segundo, que se caracterizou mais pelos filmes B e exclusivamente de ação, enquanto Willis ampliou o leque e nunca saiu do primeiro escalão de Hollywood. Van Damme, porém, não aceitou participar de OS MERCENÁRIOS (2010). Não lembro por quais motivos.
Quanto a Jet Li, nos anos 1980 ele já era um astro em Hong Kong, mas, assim como Jackie Chan, quando foi para Hollywood só fez trabalhos medíocres. E em OS MERCENÁRIOS ele é o que parece mais deslocado no grupo. Dolph Lundgren, que já havia cruzado o caminho de Stallone em ROCKY IV (1985), e que também teve uma carreira de poucos sucessos, ganhou um papel ingrato, quase como que para mostrar o tamanho de sua importância. Nos anos 1980, o que de mais memorável ele fez em projetos-solo foi o filme do He-Man e a primeira tentativa de adaptar o Justiceiro para o cinema.
Acontece que não basta ter a ideia de juntar um grupo legal para que o resultado saia satisfatório. É preciso uma boa história, mas principalmente uma direção segura de atores e de sequências, de modo que o resultado seja empolgante. O fato é que mesmo entusiastas do filme pareceram um pouco decepcionados com o resultado. Eu não fiquei só um pouco decepcionado. Fiquei muito. Diria que o filme é um lixo, inclusive. Embora não tivesse gostado deRAMBO IV (2008), estava bem curioso com o projeto. Até porque sou fã deROCKY BALBOA (2006), o melhor trabalho na direção de Stallone até hoje. Tanto é que imagino que Sly se sairia muito melhor se se dedicasse a dramas intimistas. Filmes truculentos, ainda que tenham sido parte importante de sua carreira, poderiam ser entregues a outros diretores.
Além do mais, se fosse para arregaçar nas cenas de violência, como fez em RAMBO IV, que o fizesse. Nem mesmo o clima de aparente descontração quando o grupo se reúne para falar bobagem e da vida sentimental causa interesse. Até porque eles não têm uma. O que é um aspecto que pode até ser interessante se o filme não fosse tão raso. O único personagem que se vê num envolvimento afetivo, ainda que frustrado, é o de Jason Stathan, o segundo mais importante nome do elenco. A tal missão que o grupo deve fazer é tirar de cena um ditador de uma republiqueta latina, interpretado por David Zayas (mais conhecido como o Sargento Batista, de DEXTER). O general recebe financiamento de um grupo americano, liderado por Eric Roberts, outro nome de filmes de ação B da época, e o grande vilão do filme.
No mais, a fotografia é feia e escura, a montagem é picotada, a imagem de Mickey Rourke em close que tenta remeter a O LUTADOR não tem a menor graça, e a tentativa de dar um interesse romântico para o personagem de Stallone não convence. Aquela história de que se trata de um bom filme ruim não colou. Bom filme ruim é DESEJO DE MATAR 3. Aliás, qualquer filme da fase decadente do Charles Bronson parece uma obra-prima perto de OS MERCENÁRIOS. A única coisa interessante é a piada interna envolvendo o Schwarzenegger. Uma pena, Stallone. Mais sorte na próxima empreitada.
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